Fargon - Engenharia e Indústria

Ar Comprimido


Ar comprimido limpo é essencial em indústrias de processamento de alimentos, eletrônica, equipamentos hospitalares e odontológicos, indústria fotográfica, fábricas de plásticos e na instrumentação. Ar limpo nessas e em outras aplicações significa mais do que apenas ar isento de contaminação por partículas sólidas. O ar utilizado nessas indústrias deve também estar isento de aerossóis de água e de óleo contaminantes, que fogem do raio de ação dos sistemas de filtragem convencionais.

Porque a Contaminação Submicrônica é um Problema ?


Um mícron, identificado pelo símbolo "µm", é também denominado de micrometro (igual a um milionésimo de metro ou 0,000039 polegadas, em tamanho). Um simples fio de cabelo humano mede aproximadamente 80 micra de diâmetro; um grão de sal de cozinha mede aproximadamente 100 micra. O menor nível de visibilidade ao olho humano é de 40 micra. Os contaminantes presentes em circuitos de ar comprimido são suficientes para obstruir orifícios de equipamentos pneumáticos sensíveis. Os contaminantes também desgastam vedações, provocam erosão em componentes do circuito e, portanto, reduzem a eficiência de ferramentas pneumáticas e danificam produtos acabados. O resultado final traz como conseqüência produtos rejeitados, desperdício de tempo de produção e aumento de custos de manutenção. Por exemplo, quantidades mínimas de partículas de óleo podem causar sérias marcas tipo "olho-de-peixe" em operações de acabamento de pinturas. As normas da O.S.H.A. (Órgão de Segurança e Saúde do Ministério do Trabalho Americano) estabelecem que o ar não pode conter acima de 5 miligramas de partículas de óleo por metro cúbico de ar industrial ou 28 gramas de óleo por 200.000 pés cúbicos. Esta é mais uma razão pela qual o ar comprimido é uma preocupação em aplicações industriais. A contaminação do ar é particularmente problemática em aplicações de precisão, onde o nível de limpeza do ambiente de trabalho e o grau de pureza do produto são críticos. Em circuitos de mínima tolerância, onde encontramos orifícios e folgas entre peças extremamente reduzidos, é vital que o circuito pneumático seja isento de qualquer partícula líquida em suspensão, bem como de partículas sólidas.

Água, Óleo e Partículas Sólidas são Fontes de Contaminação


Os contaminantes que causam maiores problemas em circuitos de ar comprimido são: água, óleo e partículas sólidas. 0 vapor de água está presente em todo ar comprimido e se torna mais concentrado devido ao processo de compressão. Um compressor de 25 HP que produz 170 Nm³/h (100 SCFM) à uma pressão de 7 bar (102 psig) pode produzir 68 litros (18 galões) de água por dia. Partículas de água em suspensão no ar comprimido variam de 0,05 a 10 µm. Embora sistemas de secagem de ar possam ser usados eficientemente para a remoção de água do ar comprimido, tais sistemas não removem o contaminante líquido do ar: o óleo. 0 óleo também está presente em circuitos de ar comprimido. 0 óleo é introduzido em grande escala no fluxo de ar através do compressor. A quantidade de óleo introduzida desta forma varia com o tipo de compressor utilizado. As estimativas de teor de hidrocarbonetos encontrados na saída de ar de compressores típicos são em partes por milhão (ppm) :

  • Compressor de Parafuso 25 a 75 ppm a 93°C (200°F)
  • Compressor de Pistão 5 a 50 ppm a 177°C (350°F)
  • Compressor Centrífugo 5 a 15 ppm a 145°C (300°F)

A uma concentração de 25 ppm, um compressor fornecendo 170 Nm³/h (100 SCFM) durante 35 horas introduzirá 224 gramas de óleo no circuito pneumático. Mesmo utilizando-se um compressor de funcionamento a seco (sem óleo), a contaminação por óleo encontrada no fluxo de ar continua sendo um problema porque o ar ambiente pode conter de 20-30 ppm de hidrocarbonetos em suspensão originários de fontes industriais e da queima de combustíveis. Compressores a seco podem expelir aproximadamente 10 ppm de hidrocarbonetos durante o ciclo de compressão. Esta quantidade é suficiente para contaminar os componentes da linha de ar e impregnar equipamentos de secagem. A maioria das partículas de óleo em suspensão geradas por todos os tipos de compressores são iguais ou inferiores a 2 µm. O terceiro maior contaminante encontrado no ar comprimido são as partículas sólidas, incluindo ferrugem e fragmentos da tubulação. Partículas sólidas combinadas com partículas de água e óleo em suspensão podem obstruir e reduzir a vida de componentes de circuitos pneumáticos, bem como sistemas de filtração. A maioria das partículas de ferrugem e fragmentos encontrados em circuitos de ar comprimido apresentam tamanhos variando de 0,5 a 5 µm.

Os Filtros Coalescentes Atendem as Necessidades de Ar Comprimido Limpo


Os Filtros Coalescentes Atendem as Necessidades de Ar Comprimido Limpo
Filtros convencionais de filtragem nominal de 5 micra não conseguem remover partículas contaminantes submicrônicas para atender aplicações especiais. O limite mínimo de remoção desses filtros de uso convencional é geralmente maior do que 2 µm. Oitenta por cento de contaminantes em suspensão são inferiores a 2 µm em tamanho. Contudo, os filtros coalescentes são especialmente projetados para remover partículas submicrônicas sólidas, de óleo e água do ar comprimido. Os filtros coalescentes de porosidade padrão GRAU 6 são capazes de remover acima de 99,9% de todas as partículas em suspensão na faixa de 0,3 a 0,6 µm. Além disso, esses filtros apresentam uma eficiência de 99,98% na remoção de partículas suspensas e na eliminação de partículas sólidas maiores que 0,3 µm. Desta forma, um nível de contaminação de 20 ppm de óleo é reduzido para uma concentração de 0,004 ppm. (Nível aceitável para praticamente todas as aplicações pneumáticas).

Desempenho dos Filtros Coalescentes


A separação de contaminantes sólidos e aerosóis em suspensão no ar é efetuada principalmente pela ação da gravidade. As partículas contaminantes de tamanho maior que 10 µm tendem a sair mais rapidamente quando o ar está em movimento. A maioria dos filtros coalescentes foram projetados para provocar a união de aerosóis extremamente pequenos em suspensão em gotículas maiores. Assim, essas gotículas estarão suscetíveis à ação da gravidade. Este processo de união é denominado "Coalescência". O processo de coalescência pode ser comparado às condições atmosféricas em atividade durante a formação de chuva - pequenas moléculas de vapor de água presentes no ar turbulento e carregado de umidade se condensam, formando aerosóis em suspensão que, por colisão, começam a formar gotículas de massas maiores até que tenham adquirido peso suficiente para reagir à ação da gravidade e cair para a Terra em forma de chuva. Os filtros coalescentes eliminam a contaminação submicrônica através de três processos de ação simultânea, dependendo do tamanho do aerosol em suspensão:

Difusão: Partículas e Aerossóis de 0,001 a 0,2 µm


Difusão
0,001 a 0,2 µm Difusão
Partículas sólidas e aerossóis em suspensão, na faixa de tamanho de 0,001 a 0,2 µm, estão sujeitas ao movimento browniano rápido e aleatório, movimentam-se totalmente independente da massa de ar, da mesma forma que moléculas gasosas movimentam-se em um fluxo de ar. Este movimento provoca a migração dessas partículas para fora do fluxo de ar e colidem com superfícies filtrantes expostas. Os contaminantes sólidos aderem permanentemente a essas superfícies devido às forças intermoleculares (Leis de Van der Waals). As gotículas líquidas, no entanto, migram pela ação da gravidade através das fibras até unirem-se com outras gotículas e formarem massas líquidas maiores que podem ser drenadas do sistema. A taxa de atividade da difusão aumenta com a elevação da temperatura e pressão.

Interceptação: Partículas e Aerossóis de 0,2 a 2 µm


Interceptação
0,2 a 2 µm Interceptação
Para contaminantes de tamanhos entre 0,2 e 2 µm, a interceptação é o mecanismo coalescente predominante. Esses contaminantes se harmonizam com o curso do fluxo de ar e se tornam mais difíceis de serem removidos, pois são capazes de contornar as fibras e escapar do filtro. De modo geral, a eficiência do mecanismo aumenta à medida que o tamanho dos poros (ou a densidade da fibra) diminui. As fibras com um diâmetro médio de 0,5 µm são utilizadas para otimizar o desempenho dos filtros nesta faixa de contaminante. Quando partículas e aerossóis em suspensão aproximam-se de uma fibra medindo metade de seus diâmetros, suas forças inerciais são superadas e as partículas capturadas.

Impacto Direto: Partículas e Aerossóis acima de 2 µm


Impacto Direto
2 µm e maiores Impacto Direto
Contaminantes de tamanho igual ou superior a 2 µm são removidos pelo método de impacto direto, pois apresentam massa e movimento inercial suficientes para sair do curso do fluxo de ar. Esses contaminantes colidem com o meio filtrante e completam o processo denominado inercial ou de impacto direto.

Projeto e Eficiência dos Filtros Coalescentes


Os filtros coalescentes de remoção de partículas em suspensão são compostos de um conjunto de obstáculos projetados para maximizar o efeito dos três processos de coalescência. Ao contrário dos filtros convencionais de linha, os filtros coalescentes direcionam o fluxo de ar de dentro para fora. Os contaminantes são capturados na malha do filtro e reunidos em gotículas maiores através de colisões com as microfibras de borosilicato. Por fim, essas gotículas passam para o lado externo do tubo do elemento filtrante, onde são agrupadas e drenadas pela ação da gravidade. Os filtros coalescentes modernos utilizam meios filtrantes de porosidade graduada, com fibras de borosilicato mais densas no interior e fibras menos densas na superfície externa, variando a distribuição da densidade das fibras no processo de fabricação dos filtros, torna-se possível atender aplicações especifícas. Os elementos filtrantes coalescentes típicos apresentam uma porosidade de 8 a 10 µm na superfície interna, com uma redução para poros de 0,5 µm no interior do elemento, e aumentando para poros de 40 a 80 µm na superfície externa. A Figura 1 mostra um poro típico de um filtro coalescente em corte transversal. A superfície interna do elemento age como um pré-filtro, removendo partículas contaminantes maiores, ao passo que os poros internos são suficientemente pequenos para remover partículas submicrônicas sólidas e gasosas em suspensão encontradas no fluxo de ar. A densidade reduzida da superfície externa promove a aglutinação das partículas em suspensão, através da união das gotículas, transformando-as em gotículas maiores, portanto suscetíveis às forças gravitacionais. Os poros externos maiores também permitem a passagem livre do fluxo de ar, minimizando a queda de pressão. Uma camada de drenagem conduz o contaminante da superfície externa do elemento filtrante para um reservatório localizado no fundo da carcaça, de onde é drenado periodicamente. Os poros externos maiores do elemento reduzem a turbulência do ar e evitam a reentrada do contaminante no fluxo de ar. Outro fator importante do projeto dos filtros coalescentes é a relação entre o diâmetro externo do elemento filtrante e o diâmetro interno da carcaça. O espaço entre essas duas superfícies deve ser dimensionado de forma que a velocidade do ar seja minimizada, reduzindo o arrasto de partículas em suspensão de água ou óleo.

Poro Típico de um Filtro Coalescente


Figura 1
Filtros Coalescentes

Eficiência do Filtro


A eficiência do filtro é medida pelo percentual de contaminantes de um tamanho de partículas específico capturadas pelo filtro. A eficiência do filtro é importante, pois afeta não somente o desempenho de retenção de contaminante mas também a vida útil do filtro (maior eficiência requer maior capacidade de retenção de contaminantes). Os valores nominais de eficiência de remoção de contaminantes variam de 90% a mais de 99,99%, oferecendo uma gama de capacidades apropriadas para as diversas necessidades, já que os meios filtrantes mais eficientes apresentam menor vida útil, em alguns casos torna-se mais conveniente sacrificar um pouco da eficiência em favor da economia. Em aplicações onde a alta eficiência e a vida útil longa são fundamentais, usa-se um pré-filtro para remover a maior quantidade de partículas sólidas, antes que essas atinjam o filtro coalescente. Este procedimento pode aumentar em até seis vezes a vida útil do filtro coalescente. Para um maior desempenho, selecione um pré-filtro com valor nominal absoluto de 3 µm. A tabela de seleção do grau de aplicação mostra, através da graduação da fibra, a eficiência de remoção de contaminantes e características de operação de vários filtros coalescentes. Os graus de eficiência são válidos para vazões entre 20% e 120% do valor nominal de catálogo a 7 bar. Em vazões abaixo de 20% ou em circuitos de vazão inconstante, as partículas de aerossol em suspensão não se aglomeram eficientemente em gotículas maiores, o que permite que mais partículas passem livre (sem serem coalescidas) pelo filtro. Em vazões acima de 120% do valor nominal de catálogo, a velocidade do ar é tão alta que alguns contaminantes podem retornar ao circuito pneumático.

Filtros Coalescentes

Corte Longitudinal do Elemento Coalescente


Filtros Coalescentes Corte Longitudinal do Elemento Coalescente

* UNI-CAST - marca registrada da Parker.
Grau Uso Aplicação
2C Geral Filtração e coalescência das partículas extremamente finas e dos traços de aerossóis. Admite pressões maiores que 500 psig, filtrando gases e aerossóis de menor peso molecular.
Específico Coalescência de gases para o uso na eletrônica e gases críticos de purga. Esterilização e bacteriologia de gases. Indicado também para uso hospitalar e odontológico.
4C Geral Coalescedor de altíssima eficiência, admite pressões médias de 150 a 500 psig e filtra aerossóis mais leves.
Específico Proteção de sistemas fluídicos e sistemas críticos de modulagem, tais como os controladores de vazão e temperatura.
6C Geral Aplicações gerais de coalescência de ar, quando for necessária a remoção total dos aerossóis líquidos e finos em suspensão, na faixa de pressões de 60 a 150 psig.
Específico Proteção de manômetros, circuitos de controle de ar, sistemas de modulagem, transporte pneumático crítico, maioria dos sistemas de ar para consumo humano, etc.
8C Geral Boa eficiência de coalescência do ar em combinação com altas vazões e longa vida útil do elemento.
Específico Proteção de componentes de circuitos não críticos, como válvulas, cilindros, etc.
10C Geral Pré-coalescedor ou pré-filtro para o grau 6, na remoção primária de aerossóis de difícil drenagem.
Específico Equipamento para a melhoria da coalescência de partículas, sem aumento da perda de carga.
3PU Geral Interceptação de partículas sólidas quando forem necessárias uma altíssima capacidade de retenção de sujeira e uma estrutura de poros relativamente fina.
Específico Usado como um "pós-filtro" a jusante do secador do tipo "dessecador". Uso geral em ar de instrumento, filtrações finais e pré-filtração de coalescência com poros correspondentes.
AU Geral Eliminação final dos últimos traços de hidrocarbonetos da corrente gasosa, geralmente 0,5 a 2 ppm.
Específico Preparação do ar para o consumo humano. Remoção de vapores de hidrocarbonetos de sistemas de alta temperatura.
  • C : Coalescedor padrão de microfibras de Borosilicato.
  • PU : Elemento de celulose plissada.
  • AU : Elemento de carvão ativado.

Especificações dos Graus de Filtragem


Grau Eficiência de remoção particulas 0,3 a 0,6 µm Partícula aerossol máxima encontrada Partícula sólida máxima encontrada Perda de carga em psi na vazão nomial Cor
Elemento seco Elemento úmido
2
4
6
8
10
3P
99,9999+%
99,995%
99,97%
98,5%
95%
98,5% ef.
Sólidos 0,5 µm
0,4 µm
0,6 µm
0,75 µm
1 µm
2 µm
-----------
0,1 µm
0,2 µm
0,3 µm
0,4 µm
0,7 µm
3 µm
1-1,5
1-1,5
1-1,5
1-1,5
0,5
0,5
6 - 8
3,5 - 5
2 - 2,5
1 - 1,5
0,5 - 0,8
------------
Verde
Amarelo
Branco
Azul
Laranja
---------

Curva de Saturação do Elemento Coalescente


Filtros Coalescentes Curva de Saturação do Elemento Coalescente A Queda de Pressão é um sinal da necessidade de substituir o Filtro.
A curva de saturação do elemento coalescente padrão, de porosidade graduada mostra a relação clássica entre a queda de pressão e a vida. A sujeira é acumulada no elemento do filtro de maneira bem constante durante os primeiros 75% da vida de um filtro; assim, a queda de pressão permanece relativamente constante durante esse período. No final da vida de um filtro, a queda de pressão aumenta drasticamente e a reincorporacão do óleo começa a ocorrer. De modo geral, um filtro deve ser substituído quando a queda de pressão chega de 8 a 10 psig.
Elemento Inicial (psi) Troca (psi)
6C Coalescedor 2 - 2,5 (úmido) 1 - 1,5 (seco) 8 - 10
AU Adsorvedor (carvão ativado) 1 - 1,5 Qualquer Aumento
3PU Interceptor (celulose plissada) 0,5 12

Para maiores informações consulte a FARGON